O título já começa forte. Resume as maiores ansiedades que me rodeavam nos últimos tempos. E agora já aconteceu, já foi. Vou avisando a todos que o post de hoje pode ser bem triste. Então,
se você não gosta de ler coisas do gênero, aconselho que pare por aqui a leitura desta postagem.
As primeiras coisas primeiro.
Já haviamos planejado que contar mais diretamente sobre nós dois aos pais dele, não passaria dessa semana. Ele está para ir ao exército, e como
já disse aqui, as coisas por lá não são tão fáceis como no exercito daqui do Brasil. Achamos então que esse seria o melhor momento para falar com os pais dele.
Eles disseram, em uma das tentativas de contar sobre nós, que se ele casasse com alguém que eless desaprovassem, que ele não contasse mais com eles. Que não pedisse mais ajuda, e que poderia esquecer que era filho deles. Disseram isso num impulso, num momento de raiva é claro. Então, quando a nossa vida está passando por momentos delicados, de risco, de dor... temos a tendência a parar de falar coisas sem pensar, e lembramos que na verdade, não suportaríamos que nada de mal acontecesse com a nossa família e que a grande verdade é que, existe um grande amor ali. Então esse era o melhor momento.
Sexta-feira pela manhã, ele foi para uma
internet café mais uma vez,
como disse no post anterior, e eu mal conseguia me segurar de ansiedade para saber o que de fato aconteceria. Tive até que me forçar a dormir para acalmar a ansiedade. Já estava ficando tarde, então resolvi enviar uma mensagem de texto para o celular dele. Ele apareceu no Gtalk e disse:
Emre: Oi askim benim
Jessica: Oi askim, eu estava morrendo aqui. O que aconteceu? Você falou com seus pais?
Emre: Minha irmã pediu para mexer no meu celular, leu nossas mensagens e descobriu o que estava acontecendo.
Jessica: (chocada) AI, MEU DEUS! E agora?
Emre: Não posso falar agora, temos convidados... eu te amo, beijos princesa.
Jessica: Nãããão, não faz isso, o que houve?
Emre: Até mais tarde!
E ele desligou mesmo. Não preciso nem que isso me deixou muito mais nervosa. Não conseguia parar pela casa e comia tudo o que via pela frente. Entrava no quarto, olhava o meu laptop para ver se tinha mensagem dele e nada. Ia para sala, sentava 5 minutos, voltava para o quarto outra vez e nada. Não conseguia me acalmar. Eles tinham brigado com ele? Eles tinham me aceitado? O que tinha acontecido? Eu não fazia a menor ideia e isso me deixou inquieta por mais algumas horas.
Então me lembrei que na madrugada de sexta-feira para sábado sairia a confirmação de qual lugar ele iria cumprir o serviço militar e por quanto tempo. Meu nervosismo triplicou! Será que ia para uma cidade perigosa? Ele iria para uma cidade muito distante de mim? Ele se inscreveu para ficar 5 meses, mas e se resolvessem que ele iria ficar quase um ano?
Comecei a pensar em nós 2, pensar em tudo sabe? Que posso ir embora, pensar na apresentação da minha monografia, pensar sobre a família dele, sobre o exército, pensar sobre essa saudade que não me deixa. Comecei a chorar.
Assiti nossos vídeos, via nossas fotos, abraçava o travesseiro e as horas pareciam não passar. Até que o vi postar no Facebook a o documento de confirmação do exército e uma mensagem dele dizendo coisas em turco, que nem o tradutor (como quase sempre) ajudou completamente. Só tinha entendido que ele ia ficar pelo período curto, 5 meses. GRAÇAS A DEUS! Mas e o resto? E aquelas siglas que eu não conseguia entender?
Olhei a minha lista inteeeeeeeeira de contatos, pra tentar achar alguém que pudesse traduzir para mim. Vi a Marise e a Sirlene (MUITO OBRIGADA, MENINAS!). Falei que nem uma louca mal educada com elas, mal cumprimentando direito. Eu estava muito nervosa mesmo, minhas mãos tremiam. Colei a mensagem pra elas, e perguntei se os respectivos maridos poderiam traduzir para mim. Eles traduziram, e me disseram a cidade (que prefiro não dizer aqui pela segurança dele). É uma cidade muito muito muito muito longe de mim. Não fazia ideia se era perigoso ou não, mas poderia ser, e ainda era longe. Desabei no choro de novo.
Até que as meninas me disseram que eram um dos melhores lugares para se estar, que era seguro, e que era muito provável que ele ficasse num lugar que trabalhasse com a área dele. Isso me acalmou um pouco mais. Tadinhas, elas se desdobrando para me acalmar. Fechei o Facebook e fui lavar o rosto para me acalmar, e quando voltei para o quarto tinha mensagem dele. E foi só aí que eu pude ficar tranquila. Ele me disse que estava muito feliz e agradecido a Deus, porque de fato, tinha muita sorte de ir para tal lugar, porque era um dos melhores e mais tranquilos. Ele vai ficar na Marinha na verdade, e não no exército, usando aqueles uniformes lindos! (ehehe, já imaginei ele todo bonitão de uniforme branco da Marinha. Adoro dele de camisa branca, combina bem com o cabelo dele). Pronto, agora eu estava mais em paz. Melhor que ele esteja longe e salvo, do que perto e de repente em risco.
Ele disse que paga passagens de ida e volta para mim, pelo menos uma vez por mês. E ora, para quem só o viu 2 vezes nesse ano, já é muito mais do que eu tinha. Já estivemos muito mais longe, esse é um dos últimos passos... Então só agradeço a Deus por ter chegado até aqui, e peço força para as próximas lutas.
Agora sobre os pais:
Ele estava no banho, quando eu dei um toque no celular dele. E a irmã no intuito de ver quem era e avisar a ele, pegou o celular. Ela viu o meu nome, e como há seculos já desconfiava (com toda a razão), foi procurar mais coisas no aparelho. Ela viu as nossas mensagens com direito a "eu te amo", "sinto saudades de você", "estou doido para te ver e te abraçar de novo", e todas essas coisas de amor.
Pronto, ela agora sabia o que estava acontecendo. Mas ela ficou quieta e só no dia seguinte pediu para ver o celular dele outra vez. Ele ja tinha apagado nossas recentes mensagens, para não correr o risco jutamente de uma situação assim acontecer. Ela disse que não achava o que tinha visto no dia anterior. Ele ficou vermelho e nervoso. Até que ela disse:
- Emre, você conta pro papai ou eu conto.
- Contar o que? O que você viu?
- Você sabe do que estou falando.
O pai dele o perguntou o que era. Perguntou se estava acontecendo algo entre ele "e a menina brasileira". Então, tadinho dele, respirou fundo, e contou que estavamos namorando e que nunca tinha dito nada por medo da reação deles.
O pai, preocupado, chocado e muito triste começou a fazer todo o tipo de pergunta:
1) Mas a cultura e a religão dela são diferentes da nossa. Casamento não é assim, é coisa séria, no futuro isso vai trazer muitos problemas e brigas entre vocês e ela vai querer se divorciar de você! E o que você vai fazer Emre, se ela se divorciar de você?
2) O que ela vem fazer quando morar aqui? Vai trabalhar com o que? A família dela vai poder ajudar se vocês se casarem?
3) Ela é estrangeira, e você sabe como os estrangeiros são... os hábitos deles, o que as mulheres fazem, como são, como se vestem...
4) E se ele quiser voltar para o Brasil e deixar você?
E por aí foi.
Mas ele deu resposta pra todas essas coisas. Disse como eu sou, como é minha personalidade. Mais caseira, que não bebo, não fumo, que sou uma pessoa sorridente, brincalhona, carinhosa, amorosa, que sonho muito em formar uma familia, ter filhos E acima de tudo, disse que eles não poderiam me julgar antes de me conhecer. Ele pediu a chance de me conhecerem, passarem um tempo comigo, pra só aí terem uma opinião formada sobre mim. Isso de ter várias suposições (das piores possíveis, aliás), só de ouvir falar, não podia acontecer.
A irmã dele se mostrou bem chateada, disse que estava desapontada e de que não queria ver a mãe mal. Ela já estava muito chorosa pelo fato do Emre estar próximo de ir para o exército e que se ele fizesse ela passar isso, iria fazer muito mal a ela, e que não deveriam contar agora.
Graças AO BOM DEUS, o pai dele disse:
- Então está bem. Quando você sair do exército traga ela aqui, nos vamos conhecê-la como você está pedindo.
A irmã dele disse que ok, que iriam me conhecer, mas que se ele pudesse terminar comigo antes, que seria melhor, já que afinal, as pessoas mudam muito depois do casamento, e que eu iria mudar também e coisa e tal. Escrevendo parece até bem simples, mas sei que foi difícil pra ele, e que demos um grande passo.
Confesso que fiquei MUITO surpresa com a atitude do pai dele. Foi muito supreendente para mim. Mas já me fez ter um carinho especial por ele, por ter dado uma chance para alguem que só quer fazer o Emre feliz sempre, em qualquer circunstância. Minha família ficou triste por ter ouvido a história de um modo geral, porque ninguem quer ver a filha passando por isso. Mas tenho na minha consciencia de que fiz tudo o que podia. Sei que o Emre está do meu lado também, e o fato dele ir para o exército agora (por um pedido inicial meu), e com a concordancia dele, me mostra muito isso. Ele quer ir logo, só para poder falar com os pais logo, e se casar comigo o mais rápido que puder.
Nos despedimos há pouco mais de 2 horas atrás. Ele voltou a
internet cafe para me ver. Falamos por uns 20 minutos, porque em breve o ônibus para a cidade que ele tinha que ir, saía. E nesse tempinho de muito muito choro (que não está no video), pude ouvir dele, e sentir sair do coração do meu amor, o quanto me ama, e o quanto ele é especial para mim.
(Se você não quer ver algo triste, NÃO VEJA ESTE VÍDEO)
Vai com Deus meu amor. Deus te proteja, te ajude, te dê forçar e te traga logo para mim. Não sei quando verei seu rostinho de novo, nem que seja pela
webcam, mas já espero ansiosamente para, em breve, ouvir sua voz. Não chora, fica bem, que eu vou ficar bem por aqui também. Já já estou aí, e entro num avião pra te dar um abraço bem apertado. Ao meu carequinha mais lindo do mundo (tadinho, quando o vi de cabelo raspado, me doeu tudo por dentro), todo o meu amor.
Obrigada aos que me desejam coisas boas. Eta história sofrida, mas não abriria mão dela mesmo assim. Beijos beijos beijos
Aaaaaaaah, e PARABÉNS ao meu casalzinho lindo
Katia e Murat, eles se casaram ontem aqui no Brasil. Kátiaaaaa, para de me matar de ansiedade e posta as fotos de você de noiva! Amo você amiga, você merece isso e muito mais. <3